segunda-feira, 30 de junho de 2008

Em outras palavras: A dicotomia sentimental I

"Só sei que era alguém
Que há muito tempo esteve comigo,
Mas que eu não deveria ter visto,
Que eu não precisava rever,
Porque foi alguém que
Um dia abanou a cabeça
E saiu do meu campo de visão,
Há muito tempo".



Trecho de 'Estorvo' de Chico Buarque.

domingo, 29 de junho de 2008

certo 'Eu'


A questão resultante de:
pensamento,
arrependimento,
devaneio,
desejo,
busca,
caminho platônico,
toque frio,
desejo ardente,
sentimento pertinente,
realidade distorcida,
cama desarrumada,
mágoa alojada,
ligação em meio a oitava rodada,
palavra lançada,
a promessa da conversa na segunda
e do querer que inunda.


JÁ FOI




Já foi uma composição de Adriana Calcanhoto
Uma letra dos Beatles
Uma semelhança com as outras mulheres de Chico
Um acorde dos Rolling Stones
A desarmonia da voz de Janis
Um solo de Jimi Hendrix
O suingue dos Jorges
Uma canção dos Los Hermanos
Uma descrição do Ludov
A inspiração para uma letra do Pearl Jam
Uma declaração do Mundo Livre
Um desabafo de Caetano
E uma confissão de Nando.

sexta-feira, 27 de junho de 2008

Nós


Resultado de:
um sorriso
de idéias semelhantes
de um mundo desconhecido
e de emoções dilacerantes...

quinta-feira, 26 de junho de 2008

Eis a questão



Oi
Tudo bem?
E então....
Viu lá? Já foi? Ou vai depois do almoço?

Fui e já voltei.
mas aquilo lá acho que não vai rolar.

Fica pra próxima???


Imagem: Van Gogh

segunda-feira, 23 de junho de 2008

1h13

Tic-tac....
e o que mais?
A insônia e sua trupe:
O carrossel corriqueiro,
as comparações atemporais,
a suspeita de um 'pequeno-grande coração'
várias direções,
a ausência da estrada de mão única
e o cheiro,
o seu cheiro.

sábado, 21 de junho de 2008

“SÓ QUER ME COMER?"


Vai, isso mesmo!
Disseca meu ser, me engole
Faz-me de osso, lambe, depois morde
Al dente à mesa estou
Suor e nervos, encima do prato
Corta de leve, finca teus dentes na carne
Que te espera
E mastiga bem de leve,
É assim que me vê,
Só quer me comer
Nas suas entranhas me perco,
Divago idéias
Teço tocaia te enalteço e me esqueço
Suor de lamber os dedos
Apetitosa, assim que me chamas?
De sobremesa me abro, escancaro meu ser
Te lambuzo de creme, daquele molhado
Saliva safado
Pode vir que já estou à mesa!”

Créditos:Angel Llanah
http://www.gargantadaserpente.com/

Chico.....Até o fim

Quando nasci veio um anjo safado
O chato do querubim
E decretou que eu estava predestinado
A ser errado assim
Já de saída a minha estrada entortou
Mas vou até o fim
"inda" garoto deixei de ir à escola
Cassaram meu boletim
Não sou ladrão , eu não sou bom de bola
Nem posso ouvir clarim
Um bom futuro é o que jamais me esperou
Mas vou até o fim
Eu bem que tenho ensaiado um progresso
Virei cantor de festim
Mamãe contou que eu faço um bruto sucesso
Em quixeramobim
Não sei como o maracatu começou
Mas vou até o fim
Por conta de umas questões paralelas
Quebraram meu bandolim
Não querem mais ouvir as minhas mazelas
E a minha voz chinfrim
Criei barriga, a minha mula empacou
Mas vou até o fim
Não tem cigarro acabou minha renda
Deu praga no meu capim
Minha mulher fugiu com o dono da venda
O que será de mim ?
Eu já nem lembro "pronde" mesmo que eu vou
Mas vou até o fim
Como já disse era um anjo safado
O chato dum querubim
Que decretou que eu estava predestinado
A ser todo ruim
Já de saída a minha estrada entortou
Mas vou até o fim

Como testemunha: "O Carlton Vermelho"


Mas, olha só como é a vida...
Sentada na grama eu estava, estava a olhar o esmo numa tarde ensolarada de sábado.
De repente um homem, aparentando uns 40 anos, se aproxima.
Ele vem um um shorts jeans azul - já castigado pelo tempo -, camiseta branca, ostentando em uma das mãos um lata de Skol e na outra uma carteira de cigarro - Carlton.
Quem diria, era o Sr. Amarante que após alguns segundos, senta-se ao meu lado e inicia uma conversa sobre a tarde, sobre a vida.
Enquanto estamos ali juntos,
compartilhando a mesma visão,
o mesmo ócio,
compartilhando a harmonia entre a experiência de algumas décadas bem vividas com o impulso e instantaneidade de meus vinte e poucos anos,
compartilha-se também mais um aniversário.
O dia 21 de junho fecha os ciclos de 12 meses do Sr. Amarante.
A prosa de sábado continua, ainda sobre a vida e o futebol
E eu ainda me pego, em meio as palavras soltas, observando o protagonista-mor de meus vinte e poucos anos,
me pego observando os seus cabelos cacheados e castanhos,
seus olhos esverdeados
e penso no contraste que as duas personalidades sentadas sob o sol
expressam:
ele - força e certeza
eu - impulso e reparação.
De súbito desperto da trajetória subjetiva e entro fisicamente no enquadramento:
Amarantes e "Carlton Vermelho".

Sob um ócio de 45 minutos

Era somente meu "Eu" com todos os seus adereços e suas camuflagens.
Livre às margens de águas calmas e barrentas.
De repente, os olhos se fecharam
Com as cortinas fechadas naveguei por mares já conhecidos,
Levantei copos já esvaziados,
Imaginei os novos protagonistas de atos por mim já encenados,
Lembrei do preto e branco já conhecidos.
Caminhei pela estrada
E, ironicamente, visualizei o 'por onde andar'.

sexta-feira, 20 de junho de 2008

Em um quarto escuro

Suas bochechas estavam coradas, dominadas pelo rubor.
Os cabelos levemente desgrenhados e molhados de suor.
A alta temperatura dominava seu cúmplice.
O som ambiente envolvia os dois corpos enquanto a vela derretia em um dos quatro cantos.
Foi-se a primeira, a segunda, a terceira.....peça ao chão.
Os pés se entrelaçavam no antes, no durante e no depois.
Por um momento é possível ouvir e sentir a respiração ao pé do ouvido.
Os toques ficam mais fortes, mais marcantes.
As paredes parecem girar,
Cores se misturam e se dissolvem.
O tom azulado da tela vai sumindo,
O negro do cartaz já não se vê,
O prata dos brincos se perde,
As nuances das peles se completam
Surge o vermelho......
Que marca a pele aqui, ali, em todo lugar.
E assim, o enredo termina
“Nos músculos exaustos

Do teu braço (...)
Frouxa,
Murcha,

Farta,
Morta de cansaço...”


Foto: Aline Vila Verde

ONE LITTLE BIRD

ONE LITTLE BIRD voou
Foi pra além-mar
Um recanto longe da deriva
Foi para o porto
Longe das vistas de navegantes bem-aventurados.
ONE LITTLE BIRD caiu uma vez, quando estava sobrevoando
Os picos e montanhas
Levantou, voou, cansou
E mudou...

Descrição ou Fragmento?

Chegou o momento em que as horas, minutos e segundos estão descompassados.
Os sentimentos e emoções estão confusos, brigam entre si.
Essa confusão sai da subjetividade e toma conta de tudo. Monopoliza as palavras, pensamentos e atitudes.
Dói e ao mesmo tempo alivia.
Agora é uma sensação de sufoco, insuficiência, medo e euforia.
Camuflar a realidade é a única solução.
Antes não existiam as regras implacáveis do relógio, dos compromissos da vida, tudo acontecia de acordo com os pensamentos e vontades.
O coração batia conforme o caminhar das mãos, do deslizar dos dedos e lábios.
A intensidade de uma efemeridade, a intensidade do passo inicial.
Para contrastar e fugir desta efemeridade constante que atormenta e enlouquece, aparece a alternativa: entre no jogo do passageiro, do "tudo passa". viva, viva, viva e viva.... Apenas viva e sinta.
Sinta o prazer de um silêncio, do som de um sussurro, do calor das mãos e das lembranças, do líquido quente da saliva - que dá vida ao corpo, sentidos e pulsar - que descompassa corpo e mente e que dá voz aos impulsos, loucuras e fantasias.
Antes, os acontecimentos giravam em torno do Prudence, Jontex e Olla,
Já os últimos, tiveram como companheiros o Concentrix.
Não sei se é Mrs Dalloway, Virgínia Woolf, a Dona da Casa Pré-fabricada ou Eu mesma.

quinta-feira, 19 de junho de 2008

Um palco para o prelúdio


Hoje pensei sobre a mesa de bar.
Nenhuma em especial.
Acho até que imaginei uma que nunca avistei.
O pensamento foi até uma mesa de plástico amarelo, palco para uma dose
de sinceridade e devaneio.
Pensei aqui: e se eu estivesse no palco, o que encenaria?
Seria a verdade que não vejo
Ou o prelúdio que criei e recriei?


Imagem: Di Cavalcanti

Passos perdidos no Largo

O primeiro cenário, nessa breve sequência de mudanças, são as ruas de Curitiba que conduzem os passos para o Centro Histórico, o Largo da Ordem.
O lugar já era frequentado. Mas desta vez é diferente.
O vento soprava mais forte e vinha de todos os lados. Seus cachos se desfaziam. Os cabelos desgrenhados cobriam os lábios e os olhos. O cachecol também era levado pelo vento.
Os pés pisavam em paralelepípedos mal colocados. A calçada, assim como toda a arquitetura, era rústica. O ambiente como um todo era um mundo particular cheio de cores vivas que contrastavam com a arte e antiguidade do local.
Mesmo durante a tarde, fazia muito frio.
O primeiro abrigo encontrado pelos pés foi o sebo da Osório. Localizado a poucos passos do palco das emoções.
Enfim sob a atmosfera do Largo.
Parece um dia tipicamente europeu. Pessoas transitando agasalhadas e apressadas pelas ruas e becos. É em meio a estas pessoas que os passos vagos caminham. Sem saber ao certo o que buscar: a sorte, a arte ou um lugar tranqüilo para soltar a fumaça.
O lugar para a fumaça foi facilmente encontrado em uma espécie de arquibancada abandonada. O cenário para a arte é um sebo tradicional do local: o Trovatori; já a sorte, é a guia que trilha o caminho destas horas.



Foto: Tiago Oliveira