Pedaço de prazer/ perdido/ num canto do quarto escuro/ inferno paraíso/ vivo ou morto/ te procuro... (Leminski)
sábado, 23 de outubro de 2010
431
"O nº 431.
Sempre vi. Sempre percebi. Sempre me contornou.
Eram as luzes do 431 que me mostravam a direção".
"Já passei correndo,
atravessei a contragosto, espiei por tentação,
entrei e quis ficar...."
- Estranho. Hoje as luzes não se acenderam, nem as janelas abriram, e, curiosamente,
o filtro está coberto por um pano verde.
- Quem sabe não será uma viagem?
- Pouco provável.
Foi então que madrugou assim, no escuro.
Acordou e buscou algum sinal, algum momento ou resquício de presença.
Andou.
Cabeça sem orgulho e olhar sem alvo.
Passou.
Chutou uma, duas pedras. Olhou sorrateiramente para o lado.
Uma leveza estranha lhe invadiu.
Aqueles olhos já não o espreitam atrás das cortinas azuis.
Já não anda para ser visto. Aquele andar sem explicação e definição
não carrega mais o misto de beleza e elegância.
Cada passo fora de seu portão é agora vazio.
Era o ponto de encontro do seu norte-sul / leste-oeste.
Não tem mais sinais de partida, nem de chegada.
Agora possui uma infância desnuda, uma fuga premeditada e um apego vizinho.
Volta.
Volta, senão esqueço teu rosto.
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Um comentário:
Sempre bem-vida, Lisi!
Vou ficar espiando suas aparições bem perto do 431! Abra as cortinas pra mim! :)
Beijo!
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