Pedaço de prazer/ perdido/ num canto do quarto escuro/ inferno paraíso/ vivo ou morto/ te procuro... (Leminski)
quinta-feira, 30 de outubro de 2008
E a pomba vôou
Cansou...
bochechou,
se enfezou
também relevou.
E, por fim, a pomba vôou...
Cansa-se de olhar e ele não vibrar,
nem dar sinal de vida,
nem uma ânsia, apelo ou vontade qualquer...
Surge a ira quando o vento envolve um corpo só...
Ausência: o triiiiiiiiiim, triiiiiiiiiiiim que ficou no vácuo
leva ao copo, a outro copo e mais um copo
leva aos papos inebriantes
E às pernas que se envolvem sob a neblina de uma noite
Tons bréus vistos pelas janelas entreabertas
Tons que espiam a pombinha
E que substituem o ser único pelos
"EUS" e "MEUS".
terça-feira, 21 de outubro de 2008
Apenas Trevisan....
"Só a obra interessa.O autor não vale o personagem. O conto é sempre melhor que o contista. Vampiro sim, de almas.Espião de corações solitários, escorpião de bote armado. Eis o contista. Só invente o vampiro que exista. Com sorte, você adivinha o que não sabe. Para escrever mil novos contos, a vida inteira é curta.Uma história nunca termina. Ela continua depois de você.Um escritor nunca se realiza. A obra é sempre inferior aos sonhos. Fazendo as contas percebe que negou o sonho, traiu a obra, cambiou a vida por nada. O melhor conto só se escreve com tua mão torta, teu avesso, teu coração danado. Todas as histórias, a mesma história, uma nova história.O conto não tem mais fim senão começo. Quem me dera o estilo do suicida em seu último bilhete."
Fonte original: Gazeta do Povo
Fonte original: Gazeta do Povo
CÂNTICOS DE SULAMITA.
Cantar 1
Se você não me agarrar todinha
aqui agora mesmo
só me resta morrer
se não abrir minha blusa
violento e carinhoso
me sugar o biquinho dos seios
por certo hei de morrer
estou certa perdidamente certa
se não me der uns bofetões estalados
não morder meus lábios
não me xingar de puta
já já hei de morrer
bata morda xingue por favor
morrerei querido morrerei
se você não deslizar a mão direita
sob a minha calcinha
murmurando gentilmente palavras porcas
sem dúvida hei de morrer
também certa a minha morte
se você não acariciar o meu púbis de Vênus
com o terceiro quirodáctilo
já caio morta de costas
defuntinha
toda morta de morte matada
morrerei gemendo chorando se você titilar a pérola na concha bivalve
morrerei na fogueira aos gritos
se não o fizer
amado meu escuta
se você não me ninar com cafuné
me fungar no cangote
mordiscar as bochechas da nalgame lamber o mindinho do pé esquerdo
juro que hei de morrer
certo é o meu fim
te peço te suplico
meu macho meu rei meu cafetão
eu faço tudo o que você mandar
até o que a putinha de rua tem vergonha
eu fico toda nua
de joelho descabelada na tua cama
eu fico bem rampeira
ao gazeio da tua flauta de mel
eu fico toda louca
aos golpes certeiros do teu ferrão de fogo
ereto duro mortal
ó meu santinho meu puto meu bem-querido
se você não me estuprar
agora agorinha mesmo
sem falta hei de morrer
se não me currar
em todas as posições indecentes
desde o cabelo até a unha do pé
taradão como só vocêé certo que faleci me finei
todinha morta
se não me crucificar
entre beijos orgasmos tabefes
só me cabe morrer
minha morte é fatal
de sete mortes morrida
mortinha de amor é Sulamita
Cantar 2
Ó não amado meu
moça honesta já não sou
e como poderiase você me corrompeu até os ossos
ao deslizar a mão sob a minha calcinha
acariciou a secreta penugem arrepiada?
como seria honesta
se você me deitou nos teus braços
abriu cada botão da blusa
sussurrando putinha no ouvido esquerdo?
se pousou delicadamente sem pressa
a ponta dos dedos nos meus mamilos
até que ficassem duros altaneiros
apontando em riste só para você?
maneira não há de ser moça direita
depois de ter as bochechas da nalga
mordidas por teu canino afiado
que gravou em brasa para sempre
com este sinal sou tua
não nenhum resto de pureza
assim que descerrou os meus lábios
dardejando a tua língua poderosa
na minha enroscada em nó cego
como ser mocinha séria
depois de beijar todinho o teu corpo
com medo com gosto com vontade
de joelho descabelada mão posta
à sombra do cedro colosso do Líbano
mil escudos e troféus pendurados
é possível ser moça de família
se me sinto a rosa de Saro
morvalhada da manhã
com um só toque do teu terceiro quirodáctilo?
Ai precioso amado querido
meu corpo tem memória e febre
meu puto me abrace me beije
sirva-se tire sangue me rasgue inteira
satisfaça a tua e a minha fome
finca o teu pendão estrelado
onde ele deve estar
oh não meu príncipe senhor da guerra
mocinha séria já não sou
me boline devagarinho
no uniforme de gala da normalista
atenção às luvas brancas de renda
me derrube na tua cama
de lado supina de bruços
me desnude diante do espelho
me arrume de pé dentro do armário
me ponha de quatro
me faça de carneirinha viciosa do bruto pastor
me violente sem dó com firmeza
só isso mais nada
sim bem-querido meu
sou putinha feita pra te servir
me abuse desfrute se refocile
quero sim apanhar de chicotinho
obedecer a ordens safadas
submissa a todos os teus caprichos
taras perversões fantasias
quais são? como são? onde são?
me diga como posso ir à igreja
de véu no rosto Bíblia na mão
se você afastou com dois dedos firmes e doces
o mar vermelho entre as minhas pernas
expondo à vista ao ataque frontal
meu corpinho ansioso e assustado
me estuprou me currou me crucificou?
quando separou os joelhos
abrindo as minhas coxas
um querubim fogoso
de delícias me cobriu
com sua terceira asa de sarça ardente
como ser moça ingênua
se antes sou uma grande vadia
o teu exército com fanfarras desfilando
na minha cidadela arrombada?
ai quero te dar até o que não tenho
amado meu santuário meu
quero ser a tua cadelinha mais gostosa
como nunca terá igual
serei vagabunda eu juro
todas as posições diferentes
todos os gemidos gritos palavrões
todas as preces atendidas
desfaleço de desejo por você só você
montar o teu corpo cândido e rubincundo
é galopar no céu
entre corcéis empinados relinchantes
vem ó princesa minha
depressa vem ó doce putinha
aos gritos fortes do rei que batem à portao meu coração se move
salta de um a outro lado do peito
já se derretem as minhas entranhas
o rosto do amor floresce nesse copo d'água
eu sou tua você é meu
por você inteirinha me perco
quem fez de mim o que sou?
sim amado meu
sou virgem princesa concubina
égua troteadora no carro do Faraó
vento norte água viva
sou rameira tua ramperia Sulamital
írio-do-vale pomba branca
morrendinha de tanto bem-querer
até que sejamos um só corpo
um só amor
um só
Dalton Trevisan
Se você não me agarrar todinha
aqui agora mesmo
só me resta morrer
se não abrir minha blusa
violento e carinhoso
me sugar o biquinho dos seios
por certo hei de morrer
estou certa perdidamente certa
se não me der uns bofetões estalados
não morder meus lábios
não me xingar de puta
já já hei de morrer
bata morda xingue por favor
morrerei querido morrerei
se você não deslizar a mão direita
sob a minha calcinha
murmurando gentilmente palavras porcas
sem dúvida hei de morrer
também certa a minha morte
se você não acariciar o meu púbis de Vênus
com o terceiro quirodáctilo
já caio morta de costas
defuntinha
toda morta de morte matada
morrerei gemendo chorando se você titilar a pérola na concha bivalve
morrerei na fogueira aos gritos
se não o fizer
amado meu escuta
se você não me ninar com cafuné
me fungar no cangote
mordiscar as bochechas da nalgame lamber o mindinho do pé esquerdo
juro que hei de morrer
certo é o meu fim
te peço te suplico
meu macho meu rei meu cafetão
eu faço tudo o que você mandar
até o que a putinha de rua tem vergonha
eu fico toda nua
de joelho descabelada na tua cama
eu fico bem rampeira
ao gazeio da tua flauta de mel
eu fico toda louca
aos golpes certeiros do teu ferrão de fogo
ereto duro mortal
ó meu santinho meu puto meu bem-querido
se você não me estuprar
agora agorinha mesmo
sem falta hei de morrer
se não me currar
em todas as posições indecentes
desde o cabelo até a unha do pé
taradão como só vocêé certo que faleci me finei
todinha morta
se não me crucificar
entre beijos orgasmos tabefes
só me cabe morrer
minha morte é fatal
de sete mortes morrida
mortinha de amor é Sulamita
Cantar 2
Ó não amado meu
moça honesta já não sou
e como poderiase você me corrompeu até os ossos
ao deslizar a mão sob a minha calcinha
acariciou a secreta penugem arrepiada?
como seria honesta
se você me deitou nos teus braços
abriu cada botão da blusa
sussurrando putinha no ouvido esquerdo?
se pousou delicadamente sem pressa
a ponta dos dedos nos meus mamilos
até que ficassem duros altaneiros
apontando em riste só para você?
maneira não há de ser moça direita
depois de ter as bochechas da nalga
mordidas por teu canino afiado
que gravou em brasa para sempre
com este sinal sou tua
não nenhum resto de pureza
assim que descerrou os meus lábios
dardejando a tua língua poderosa
na minha enroscada em nó cego
como ser mocinha séria
depois de beijar todinho o teu corpo
com medo com gosto com vontade
de joelho descabelada mão posta
à sombra do cedro colosso do Líbano
mil escudos e troféus pendurados
é possível ser moça de família
se me sinto a rosa de Saro
morvalhada da manhã
com um só toque do teu terceiro quirodáctilo?
Ai precioso amado querido
meu corpo tem memória e febre
meu puto me abrace me beije
sirva-se tire sangue me rasgue inteira
satisfaça a tua e a minha fome
finca o teu pendão estrelado
onde ele deve estar
oh não meu príncipe senhor da guerra
mocinha séria já não sou
me boline devagarinho
no uniforme de gala da normalista
atenção às luvas brancas de renda
me derrube na tua cama
de lado supina de bruços
me desnude diante do espelho
me arrume de pé dentro do armário
me ponha de quatro
me faça de carneirinha viciosa do bruto pastor
me violente sem dó com firmeza
só isso mais nada
sim bem-querido meu
sou putinha feita pra te servir
me abuse desfrute se refocile
quero sim apanhar de chicotinho
obedecer a ordens safadas
submissa a todos os teus caprichos
taras perversões fantasias
quais são? como são? onde são?
me diga como posso ir à igreja
de véu no rosto Bíblia na mão
se você afastou com dois dedos firmes e doces
o mar vermelho entre as minhas pernas
expondo à vista ao ataque frontal
meu corpinho ansioso e assustado
me estuprou me currou me crucificou?
quando separou os joelhos
abrindo as minhas coxas
um querubim fogoso
de delícias me cobriu
com sua terceira asa de sarça ardente
como ser moça ingênua
se antes sou uma grande vadia
o teu exército com fanfarras desfilando
na minha cidadela arrombada?
ai quero te dar até o que não tenho
amado meu santuário meu
quero ser a tua cadelinha mais gostosa
como nunca terá igual
serei vagabunda eu juro
todas as posições diferentes
todos os gemidos gritos palavrões
todas as preces atendidas
desfaleço de desejo por você só você
montar o teu corpo cândido e rubincundo
é galopar no céu
entre corcéis empinados relinchantes
vem ó princesa minha
depressa vem ó doce putinha
aos gritos fortes do rei que batem à portao meu coração se move
salta de um a outro lado do peito
já se derretem as minhas entranhas
o rosto do amor floresce nesse copo d'água
eu sou tua você é meu
por você inteirinha me perco
quem fez de mim o que sou?
sim amado meu
sou virgem princesa concubina
égua troteadora no carro do Faraó
vento norte água viva
sou rameira tua ramperia Sulamital
írio-do-vale pomba branca
morrendinha de tanto bem-querer
até que sejamos um só corpo
um só amor
um só
Dalton Trevisan
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