domingo, 31 de maio de 2009

Tudo vira metáfora


Não estava em um guaradanapo inutilizado, em um pedaço qualquer ou
num amontoado de escritos.
Estava registrado de forma permanente nas memórias e afeição:

"apenas me enobrece..... as metáforas que nunca foram em vão.

Minha metáfora
A metáfora
Aquela metáfora
A sua metáfora..."



terça-feira, 26 de maio de 2009

Sobre o cotidiano...


As combinações que não escrevi
O caminhar que decidi não trilhar
A foto que rasguei
A importância que não dei.

O livro que vendi
O som do violão que deixei vagar
O recado que piquei
O fim que não senti.

Diferenças que não fariam diferença
Noites mal-dormidas
Insônia bem-resolvida
Ilustrações de personagens mal-comidas.

Uma noite de sábado aqui
Tequila ali
Telefonemas atendidos por aí
Vozes no vácuo em mim.

O tempo presente que apresenta
O depois que não vem
O ontem que aparece
O hoje que não mais tenta.

Trechos que apaguei
Lapsos que extingui
-mas que ainda assim revivi
O pensamento que não selei.

E, no fim de tudo, ainda...
As combinações que não escrevi!



Imagem: Foto: belleza-pura.blogspot.com/2008_09_01_archive.html

segunda-feira, 25 de maio de 2009

Um cavalo de olhos azul-esverdeados


o que você vê é aquilo que vê:
os hospícios raramente
estão visíveis.

que continuemos caminhando por aí
e nos coçando e acendendo
cigarros

é mais miraculoso

do que os banhos das beldades
do que as rosas e as mariposas.

sentar-se em um pequeno quarto
e beber uma latinha de cerveja
e fechar um cigarro
ouvindo Brahms
em um radinho vermelho

é como ter voltado
de uma dúzia de batalhas
com vida

ouvir o som
da geladeira

enquanto as beldades banhadas apodrecem

e as laranjas e maçãs
rolam para longe.

Charles Bukowski - "O amor é um cão dos diabos - p.162".

quinta-feira, 14 de maio de 2009



Para a falta de criatividade e inspiração
recorre-se à
citação.....

Por agora... Leminski

Parada Cardíaca

Essa minha secura
Essa falta de sentimento
Não tem ninguém que segure
Vem de dentro

Vem da zona escura
Donde vem o que sinto
Sinto muito
Sentir é muito lento.


Paulo Leminski