quarta-feira, 21 de janeiro de 2009

Entre 4 paredes


Minolta tem uma transparência peculiar.
Gosta de mostrar seus conflitos interiores,
mas apenas de forma torta - como ela mesma define.
Lembrou-se da condição imposta por si mesma após chegar em seu quarto - o número 8 do único albergue da cidade fria e sempre nublada que presenciou sua chegada
há cinco meses.
Seu atual refúgio não é tão novo, mesmo assim, não colaborou para apagar alguns resquícios.
Entre as quatro paredes, Minolta relê a cópia do bilhete de despedida que deixou para Joshua há exatos cinco meses:

" (...)
de súbito minha leveza de espírito (em sua forma física) não caminhará na mesma direção que meus passos, de súbito também não terei o colo que me repousou, os braços que me envolveram, o corpo que se movia em compasso com o meu e os beijos que minha boca acostumou tão fácil a ter. Por fim, fica tudo assim, porque assim foi:
Do acaso a doce ausência do ponto final"
.

Após o suspiro, que marcou o fim de sua leitura, lembrou-se de suas camuflagens e desvios subjetivos. Por fim, fez ecoar no quarto solitário:
- Foi mesmo um 'crime' perfeito?



Foto: azoreanangel.blogs.sapo.pt